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10 - Grupos de Danças

O grupo da Ala Moça já vinha desenvolvendo alguma coisa com danças folclóricas e encenação para acompanhar o Coral Misto.


Grupo de danças alemãs formado por integrantes do Coral Misto, em 1964

Mais tarde, a partir da década de 1970, o Coral Misto viajou à Europa três vezes, em 1971, 1976 e 1980 com o título de Gaúcho Sing und Tanzgruppe. Apresentavam, sobretudo, danças gauchescas, pois o Coro Misto levara para a Alemanha a nossa identidade teutogaúcha. Voltando da Europa, em 1976, para vários cantores do grupo aquele objetivo da grande viagem tinha sido realizado, e a motivação para permanecer no coral se desfez... parte do grupo iniciou, então, um sólido percurso no estudo da música com o maestro Nestor Wennholz, e outra parte migrou para atividades diferentes.

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Jonas Badermann, integrante do Coral Misto e do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs, relata que tinha forte convicção a respeito da expressão corporal para melhor desempenho no palco. Ele conta:


“Aí começamos a fazer um trabalho de cena com a Izabel Ibias e o Arines Ibias, e de danças folclóricas em geral. Essa ideia veio porque lá na Casa da Juventude, de noite, tínhamos recreação, e entre esses programas, estavam também danças folclóricas de todos os tipos: alemãs, americanas, francesas, israelitas, portuguesas... Eu guardei o material que era passado para a gente, além de ter feito também gravações. Foi material utilizado para estudar e passar para o grupo de danças que estávamos formando no “25”.”


 

É interessante chamar atenção para que, até a popularização da internet, no fim da década de 1990, a forma de se aprender a dançar era com os professores e, em grande parte, através de livros. Isso é muito complicado, pois os livros não mostram os movimentos de uma forma ideal. Muitos códigos foram criados para isso e, sem dúvida, a tradição oral sempre foi decisiva nas artes cênicas.


À época, quando havia oportunidade, em viagens e intercâmbios conseguia-se importar discos com as músicas, e no encarte do disco havia a descrição das danças, ou alguma gravação em filme ou fitas VHS. A globalização com a consequente popularização da informática e internet em fins da década de 1990, aqui no Brasil, proporcionou maiores facilidades neste sentido, além de as próprias viagens terem se tornado um produto mais frequente e acessível.



Segundo Denis Gerson Simões, que foi aluno deste primeiro grupo de danças, ainda em sua época (anos 1990), os ensaios nunca eram feitos com os discos – então, importados – mas sempre com fitas K7 gravadas deles, a fim de que os discos fossem preservados, nunca arranhados ou gastos. E essas fitas eram passadas de um para outro!

 

Algumas das pessoas que estavam na formação do segundo grupo de danças, em 1980, junto com Jonas Badermann eram Denis Badermann, Clarisse e Doris Schneider, Edgar Poisl, Marion Kohlmann, Ingo Voelcker, Ricardo Schwanke, Ursula e Cláudia Finkenwerder, Thaïs Bohrer, Martin Mayer, Betina Fritsch,e Rainer Haetinger.


 

Você também participou deste grupo formado nos anos 1980?

Coloca teu nome no final deste capítulo, então e, se quiser, escreve um pequeno relato.

 

A repercussão deste empenho foi tão grande que logoo grupo recebeu convite para se apresentar em diversos bailes e lugares: TV Bandeirantes, Sogipa, outras entidades e eventos, cidades... Jonas nos conta que: “Em um ano (acho que 1982) fizemos em torno de 80 apresentações.” Este grupo começou a perceber que essa empolgação podia ser conduzida para outro lado também. Achavam que deveria existir uma identificação cultural no desenvolvimento de uma pessoa, contribuindo para sua autoestima. E isso vale para todas as etnias, é muito importante! Foi com este intuito que, como já descrito no item Identidade desta exposição, o grupo de Danças do Centro Cultural 25 se desenvolveu. Tudo isto recebeu apoio significativo da direção do “25” que, à época, estava por conta de Rudolf Fritsch e, na pasta cultural,Tante Elly.


O Grupo de Danças em 1980

Nos anos que se seguiram, a atividade foi intensa, tendo sido chamados não apenas para apresentações, mas para auxiliar na formação de grupos de danças nos municípios de Dois Irmãos, Nova Petrópolis, Igrejinha e Blumenau, entre outros. Em Igrejinha, o prefeito da época percebeu a necessidade devalorizar o povo através de sua cultura e assim também fomentou o ensino da língua alemã e a Oktoberfest. Igrejinha se transformou em referência da cultura alemã a partir deste trabalho, e o grupo de danças da cidade existe até hoje, com 35 anos de atividades.







Recorte de Jornal sem identificação, mas que indica o sucesso relatado sobre o Grupo de Danças no interior do estado. Um artigo que foi publicado entre 1982 e 1983.




































Reconhecimento deste sucesso pela Diretoria do Centro Cultural, no 1o aniversário do Grupo de Dança, 1982.









Jonas Badermann lembra:


“Onde íamos já levávamos material e falávamos sobre as lideranças. Nos encontrávamos de vez em quando, mas não queríamos criar dependência. Em Dois Irmãos ficamos trabalhando durante um ano. Em Igrejinha também, toda semana um de nós ia para lá durante um bom tempo.”

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Na segunda metade da década de 1980 (segundo Denis Gerson Simões, no ano de 1988), estes jovens perceberam a necessidade de dar continuidade ao que estavam realizando através das gerações mais novas. De um modo geral, no Centro 25 de Julho sempre se olhou também para o futuro, visando à continuidade da instituição e da cultura. Então, a criação de um grupo de danças infantil foi apoiada, naturalmente, também pela direção do “25”.

Grupo de Dança Infantil em meados da década de 1980

Olavo Fröhlich, tenor do Coral Misto 25 de Julho, era então presidente do Centro Cultural e também pai de quatro crianças e adolescentes. Esta foi uma época em que se fomentou muito a música e a dança para crianças. Participaram deste grupo: Denis Simões, Renata, Martina e Matias Fröhlich, a família Dam – bastante ativa com a Kelly, Ingrid e Camila Dam – Maria Clara Lantz, depois também Walter Sille Krause, entre outros.

 

Você também? Coloque seu nome nos comentários lá em baixo, então.

 

Este grupo foi liderado e conduzido por Thaïs Bohrer e Martin Mayer, do Grupo de Danças adulto. A movimentação garantiu a continuidade do trabalho por um determinado tempo, com participação nos eventos do “25”, nos bailes, na Noite Bávara e na Oktoberfest.


Denis Gerson Simões conta como entrou no grupo e este seu relato é interessante, pois, através dele, percebemos como muitas atividades têm continuidade através da história, ou então são retomadas por atores diferentes. Ele diz que participava do Kindergarten da Tante Gertrud Bachmund, que falou do grupo de danças para sua mãe, Doris Gerson Simões, pois seu amiguinho do Kindergarten também integrava o grupo. “E assim foi, eu era levado todos os sábados para dançar. Eu tinha uns 6 ou 7 anos e não tinha a menor noção do que estava acontecendo (risos).”


Assim, essas crianças foram crescendo, os anos passando, entrando novas crianças... Grupos infanto-juvenis de dança, canto e música se mesclavam, pois as mesmas crianças que faziam atividades num, muitas vezes faziam noutro grupo também, ou então iam de um grupo ao outro. Eram muitas atividades que perduraram toda a década de 1990, adentrando o século XXI. Os grupos infantis inclusive se dividiram entre os maiorzinhos e os menores. Os pais auxiliavam, criando eventos e festivais como, por exemplo, o Musidança.

Grupo infanto-juvenil de coral e dança. Década de 1990
Grupo de danças juvenil na década de 1990

Em meio a esta função toda, o antigo grupo relatado por Jonas Badermann se desfez. Os jovens seguiram seu curso, foram trabalhar, casaram... Até o grupo infantil crescer, Denis conta que houve um hiato de cerca de 10 anos sem um grupo de danças adulto no 25 de Julho,.


“Em 1997, eu e alguns outros jovens que já dançávamos desde os anos 1980, tínhamos certa memória de ouvir falar daquele grupo de danças antigo, a quem tínhamos como referência. Mas outra parte dos dançarinos não tinha esta memória. Eles sugeriram fazer uma clivagem entre “os antigos” e “nós”. Então foi escolhido o nome Tanz Mit Uns para sermos nós mesmos, diferentes “deles”. É um movimento interessante, em busca da própria identidade. E o ano de 1988 foi estipulado como data de fundação: quando se criou o grupo de danças infantil.”



Bayrische Abent

Bayrische Abent

Se o passado é importante, como tanto já foi dito nesta exposição, olhar para o futuro, assumindo sua identidade própria e única, diferente do outro, também é um movimento fundamental. Isto ocorre em nível pessoal, particular, com cada indivíduo, e em nível social e grupal também. Olhando para o passado, nos conhecemos, sabemos de onde viemos e podemos analisar com mais clareza o que deve continuar e o que pode ou deve ser transformado. Como disse, este movimento ocorre tanto na vida individual como na coletiva. Aí está a fundamental importância da História.


Em 1999 Denis assumiu a liderança deste grupo, e Jonas passou para ele um grande baú com o material que havia guardado, aquele antigo material de que falamos antes: discos, livros, anotações... e o novo grupo passou a fazer uma redescoberta das antigas danças, aprendendo-as através da pesquisa de seus históricos e muito além do simples copiar o que se vê em vídeo.


O Grupo Tanz Mit Uns se tornou referência em Porto Alegre nas danças tradicionais alemãs. Claro, foi único nessa época, mas não apenas por ter sido o único, e sim por ter sido muito ativo: quando representantes da dança junto à Prefeitura de Porto Alegre precisavam de referências sobre cultura alemã, chamavam o Tanz Mit Uns. Este grupo também fazia rodas de conversas com outros grupos, de outras etnias, buscou criar uma associação de grupos de danças étnicas na cidade, o que na prática não se institucionalizou e, por fim, sempre fez vários encontros e seminários de danças étnicas.


Outubro de 1998

 

O primeiro encontro de grupos promovido pelo Tanz Mit Uns aqui em Porto Alegre foi um baile no ano de 2000. Ironicamente, ele não aconteceu no Centro Cultural 25 de Julho, mas na Sociedade Navegantes São João. Olha só a história dando voltas e o “25” reencontrando sua antiga parceira, pois antes da sede própria do “25 de Julho”, muito este Centro locou os espaços daquela Sociedade para realizar seus bailes.


Mas... por que motivo o evento de 2000 aconteceu lá? Porque, à época, o “25” havia sido interditado – por pouco tempo – pela Prefeitura por problemas de som das festas com a vizinhança. As refeições do encontro foram, então, realizadas no “25”, e o Baile, na Navegantes São João. A questão do som logo foi resolvida – e com urgência! –, com atuação do associado Renato Kops que providenciou reforma e vedação adequada no Salão Principal, sendo este aprovado por nova vistoria da Prefeitura.

 

Vocês podem se surpreender com a historiadora aqui, que já foi bailarina e também atuou como Diretora Social do Centro Cultural 25 de Julho. Em 2017, participei na organização do 1º Fórum de Danças Étnicas promovido pelo Tanz Mit Uns junto ao então presidente do Centro Cultural e diretor do grupo, Denis Simões. Foi um fim de semana cheio de atividades e aprendizados de danças das mais diferentes etnias!



Workshop de danças celtas, 2017

Workshop de dança flamenca, 2017

I Fórum de Danças Étnicas 2017

Estiveram presentes: o grupo de danças celtas Arallec'h, nossos “vizinhos” e amigos Kirinus & Nunes, com danças de salão, a Escola Del Puerto de dança flamenca, danças polonesas, diferentes professores de danças alemãs, danças gaúchas com o Centro de Tradições Gaúchas Aldeia dos Anjos, danças açorianas com o professor Regis Gomes, jazz dance com a professora Helena Paz e tap dance com Leonardo Dias, ambos da escola Laboratório da Dança, entre outros. Foi muito legal!

Ok, mas agora quero ouvir uma história de você!

 


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