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11 - Teatro no 25

Desde os primeiros anos de Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre, apresentações e atividades de teatro foram importantes. Eventualmente grupos de teatro eram convidados a realizar espetáculos promovidos pelo Centro 25 de Julho, mas também os associados se articulavam para promover peças e quadros cênicos em datas comemorativas – sobretudo para comemoração do Dia do Imigrante, no dia 25 de julho. Depois, havendo grupos próprios do “25”, diferentes atores e diretores integraram estes elencos. Até mesmo integrantes da diretoria do Centro Cultural apareciam em cena, como é o caso da foto que segue em que vemos o Sr. Metzler e, mais tarde, Willy Schmidt.





Nesta foto, segundo referência feita à lápis, o primeiro da direita para esquerda é o Sr. Melzer. Não se sabe se está ao palco como parte do elenco ou no final da peça]





Grupo de Teatro da década de 1950
Grupo de Teatro do 25 possivelmente década 1950

O teatro era muito importante para estas pessoas. Em ata de reunião da diretoria de 17 de março de 1953 lê-se a respeito da “organização do grupo cênico”, que já estava formado porém sem ter se apresentado ainda. Na época, o Dr. Fausel fora indicado para organizar e orientar este grupo. A direção complementou registrando:


“Todos os participantes da reunião concordaram em que o grupo cênico é de fato o mais importante de todos os empreendimentos de nosso Centro e que vale a pena adotar as medidas necessárias para inspirar-lhe vida e pujança mesmo com sacrifício financeiro de regular importância.”


Como foi dito, a data de 25 de julho – Dia do Imigrante – sempre foi das maiores comemorações do Centro Cultural, envolvendo todos os grupos artísticos e sociais da Casa. Do mesmo ano de 1953 encontramos registros em ata de reunião dizendo que os preparativos desta grande festa envolviam “...um quadro vivo idealizado pelo sr. Fritz Hess, com o concurso de alguns elementos do Grupo dos “Haberer” e o resto da nossa sociedade.” Os Haberer são um grupo de bávaros que ainda existe na SOGIPA. Esta participação deles nas atividades do “25” era frequente e nos indica, mais uma vez, a integração social e cultural entre associados das diversas agremiações – sobretudo alemãs.


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Peças e encenações comemorativas do Dia do Imigrante – 25 de julho – eram apresentadas todos os anos, retratando a chegada dos nossos antepassados ao Brasil. O Centro Cultural 25 tem em seu acervo fotografias de diversos anos, como se pode ver a seguir.


Algumas fotografias de encenações apresentadas no Dia do Imigrante em diferentes anos.


O teatro era amplamente utilizado por que era arte, entretenimento e uma forma didática de ensinar história, cultura, de retratar acontecimentos. Tudo isso em uma época em que o cinema ainda era acanhado, a televisão não era tão popular e diversificada, e menos ainda acessavam-se outras formas de mídia e meios de informação. Teatro era informação, comunicação, educação. As apresentações lotavam salões à época. A seguir apresentamos fotos do salão do “25” – já na sede nova – lotado!


Segundo informações de antiga exposição histórica do Centro Cultural, a peça Die Regentrude, de Theodor Storm fez tanto sucesso que foi apresentada cinco vezes seguidas, com público de cem pessoas na sede da Cristóvão Colombo. Cenários foram pintados por Fritz Hess e seus filhos Siegfried e Hermann.







Os espetáculos das décadas de 1950 e 1960 foram bem documentados. Ainda na sede provisória e em outros espaços de apresentação, os cenários eram muito bem montados. Parte dos elementos destes cenários também eram objetos trazidos das residências dos associados: criatividade e participação sempre foram a tônica dos integrantes do “25”. A maior beleza destas fotografias é que demonstram a boa expressividade dos atores.


 

Ressaltamos que não se encontraram (ainda) referências de datas para a maioria destas imagens. Isto demandaria uma pesquisa bem mais aprofundada, cruzando informações de diferentes tipos de documentos (fotografias, boletins, entrevistas, atas...). Assim mesmo, chegar a uma informação precisa talvez não seja possível. Este resultado nos indica, hoje, o quão importante é sempre colocarmos referências de datas, locais e eventos em fotografias que poderão ficar para a posteridade.

 

Possivelmente meados da década de 1950.


Naquela época (e já desde os anos 1920 e 1930), havia na Europa um movimento chamado de Arte Total, ou seja, voltar a integrar nos palcos as diferentes artes: que não se fizesse teatro sem dança, dança sem um bom trabalho cênico, e sem boa música. E este conceito, com sua importância, chegou ao Brasil e aos integrantes do Centro Cultural 25 de Julho de Porto Alegre. As fotografias das atividades aqui realizadas apontam para esta cultura quando vemos no palco o teatro junto com a dança clássica e a música.


Nas décadas de 1960 e 1970 o grupo de teatro foi dirigido por Nelson Baldauf, Hans Brach, Erny Fehlauer e também outros . Willy Schmidt era figura ativa no grupo e também com passagem pela diretoria. Este grupo viajava bastante pelo Sul do Brasil.


O Grupo do 25 em Blumenau, 1968 - Peça apresentada: “A Tempestade no Copo D'água


Grupo de Teatro do Centro Cultural 25 em 1970 - Blumenau-SC

A partir dos relatórios apresentados pelo grupo nos Boletins Informativos de fins da década de 1960 e 1970 observa-se nova forma de censura por que as atividades culturais passavam. O foco da censura não era o alemão e sua cultura diretamente, embora fosse visto com olhar enviesado pela ignorância e paranoia da ditadura militar. O que acontecia: No Centro Cultural 25 de Julho prezava-se para que a maior parte das peças fossem alemãs e, inclusive, apresentadas em alemão. E durante a ditadura militar no Brasil, antes de apresentá-las, era obrigatório passarem pela aprovação da Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal, monitorada em Porto Alegre pela Polícia Militar. Lá chegando, surgia uma desconfiança a mais, da parte dos militares: Por que esta gente está falando em alemão? O que estão escondendo?! Têm parte com a Alemanha Comunista?!


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Ou seja, depois de seus pais e avós terem vivenciado tantas crises de identidade – colocados nos capítulos Como Tudo Começou e Identidade – este tipo de vivências faz parecer, àquelas pessoas, que certa “perseguição” aos descendentes de alemães não terminava... Porém, quem está vivo é para saber lidar com as situações da vida e se fazer valer. Foi assim que, a despeito das dificuldades, este grupo se desenvolveu, realizou muitas apresentações no “25” e também em outros palcos, em outras entidades e outras cidades, e foi se transformando ao longo do tempo.



Apresentação de “Das Heiratsinserat”, peça em três atos, em 1970.


Mas as “peripécias” não se encerravam por aí! Conseguir peças de teatro – escritas – em alemão era uma verdadeira aventura. Para os grupos (de teatro, dança, e música), conseguir peças de teatro, partituras e livros que ensinassem danças alemãs envolvia viagens, intercâmbios, correios e um bom investimento. Trazemos dois exemplos de como obter material didático era de difícil acesso:


1. Na ata de reunião de diretoria de 25 de maio de 1959 é anunciado o falecimento de um dos fundadores do Coro Masculino, o Sr. Walter Hofmann. Com isto, sua viúva – designada por ora Vva. Walter Hofmann – oferece ao Grupo de Teatro diversos livros de peças teatrais, que a ele pertenciam. Provavelmente um bom material para ser utilizado pelo grupo.


2. Outro exemplo bem mais recente é do Grupo de Danças. Jonas Badermann e Denis Simões nos relatam que, quando o último assumiu a liderança do Grupo Tanz Mit Uns, Jonas deu-lhe um baú cheio de livros, discos, fitas K7, entre outras coisas. Sim, pois esta condição desafiadora para se obter informação perdurou na história de todas as nossas vidas até fins dos anos 1990! Uma condição que foi mudada drasticamente com a aceleração do processo de globalização e a consequente popularização da internet.


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Esta nova conjuntura social envolve o conceito de “Globalização”, sobre o qual vale você pesquisar. Trata-se também do desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado e a popularização da internet. “Dê um Google” para descobrir um pouco sobre este processo histórico que todos vivemos ainda.

 

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Já na década de 1970, a dificuldade observada era conseguir atores que conhecessem a língua alemã. Essa questão era apresentada nos Relatórios do Grupo de Teatro ao Centro Cultural, também publicados nos Boletins Informativos. Esta é uma transformação muito curiosa, que só vem se acentuando ao longo dos anos: O Centro Cultural que, outrora, já teve até mesmo proposta de ensinar o português para ajudar a integrar seus associados à sociedade brasileira, agora... desde os anos 1980, 2000, 2021, traz a proposta do ensino de alemão, pois as gerações estão perdendo este conhecimento, o mundo está tomando outros caminhos...


CINEMA NO “25”


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É importante lembrar que durante toda a década de 1960 (e também 1970), o “25” tomava emprestado – e depois comprou – um projetor de filmes, e em seu salão se faziam sessões de cinema superlotadas! Além de cinema ser um entretenimento de grande importância, à época, o diferencial do Centro Cultural era apresentar filmes em alemão. E também filmes alemães em alemão!


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Houve um tempo, no início da década de 1960, em que se determinou em ata de reunião da diretoria que todos os sábados à noite em que não houvesse festas, deveriam ser apresentados filmes. E o ecônomo do restaurante deveria estar avisado para que não faltassem, então, bebidas e beliscos, a fim de que os sócios e o público permanecessem no local – o Centro Cultural – antes e depois do filme, tornando aquele um espaço e momento de lazer e sociabilidades. Afinal de contas, um Centro Cultural – ou social –faz-se da circulação e encontro de pessoas.


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Um exemplo de chamada para as sessões de cinema é a que segue, nas palavras do sr. Werner Franke que ajudava nesta promoção:


“... no domingo próximo, às 20h será apresentado – em primeira mão – o moderníssimo filme SAISON em SALZBURG”.


O sr. Werner fazia a divulgação da sessão pela Rádio Metrópole! Assim, certamente afluíam ao Centro 25 de Julho muitas pessoas, prováveis futuros associados.


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